Um grupo de investigadores portugueses descodificou a evolução do telómero, uma estrutura dos cromossomas que desaparece ao longo da vida e cuja descoberta valeu um prémio Nobel no ano passado, tendo os resultados sido publicados na revista Nature.
O telómero, explicou à agência Lusa um dos responsáveis pelo estudo, é «uma estrutura que está dentro das células, é a ponta dos cromossomas».
«Pode parecer estranho, mas muita coisa se passa nas pontas dos cromossomas. O prémio Nobel do ano passado foi atribuído à descoberta desta estrutura. Os telómeros são pensados por muita gente como se fosse o relógio molecular que potencialmente está na origem do menor tempo de vida, ou seja, a razão pela qual nós envelhecemos», disse Miguel Godinho Ferreira, investigador principal do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC).
O investigador explicou que «os telómeros desaparecem ao longo da vida e isto faz com que as células parem de se dividir», acrescentando que «talvez seja esta a razão pela qual envelhecemos».
Pode comparar-se esta estrutura às capas plásticas protectoras dos atacadores de sapatos. «Perdendo-se estas capas, os atacadores desfiam-se e vão desaparecendo. Da mesma forma, os telómeros encurtam ao longo das sucessivas divisões celulares ao longo da vida de um organismo», disse.
«Nós sabemos que existe uma estrutura que se desgasta ao longo do tempo, que quando somos novos é longa e quando somos velhos é curta. E que quando é curta lança sinais para as células pararem de se dividir. Nós descobrimos qual é a natureza dessa informação. Qual é a diferença entre o telómero protegido e um telómero curto que não dá essa proteção. É isso que vai sair agora na revista Nature», referiu.
«Os telómeros curtos estão associados a várias doenças que tem como consequência um envelhecimento precoce. Sabendo que existe uma diferença entre os telómeros protegidos e os não protegidos, nós poderemos fazer com que avancemos o alvo da nossa incidência terapêutica. Num futuro, pessoas que estejam interessadas em investigar drogas específicas para actuarem nessas doenças, com o nosso conhecimento elas vão saber onde actuar», esclareceu o investigador.
Fonte: Lusa
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